quinta-feira, 31 de março de 2011

Contos da Vazaiada!!

A primeira história é um misto de drama, comédia, suspense, mas acima de tudo é para relembrar deliciosos momentos que já passamos juntos... Esperamos que gostem!!! E aceitamos sugestões de histórias passadas com a trupe vazaiada!!!
Um super beijo para todos vocês!!!!
Quem rasgou o sofá?


Júnia, Érika e Eline
Era um dia quente de verão no fim dos anos 80. O calor fazia com que as crianças ficassem todas alvoroçadas, correndo de um lado para o outro e derrubando tudo o quanto fosse possível nesta vida. Os adultos acomodavam as bagagens nos quartos enquanto a Vó Nair, dona da casa, acompanhava tudo de seu quarto, deitada na cama, dando ordens e fazendo observações.

As mulheres se dividiam entre a cozinha e o banho da molecada porque "minino melequento de suor na mesa não!!" Para variar a ala adulta masculina não fazia nada a não ser reclamar a cada 10 minutos da comida que não estava pronta, com exceção de alguns que saíam sorrateiramente para um cochilo em algum cantinho supostamente sossegado da casa. Era assim que começavam as férias de fim de ano da Vazaiada: uma muvuca de gente. Tinha a Tosa fazendo forrobodó e rosca e pão que num acabava mais, a Rosilda chegando com um saco enorme de castanha-do-pará, a primaiada na maior bagunça e o Gilson andando de um lado pro outro cantaaaaaando um monte de hino da harpa... barulho, barulho, barulho, muito barulho e "vâmo parar com essa correria agora!! Ô Claudio Henrique, larga isso...", a Tosa apelando em vão...

E foi neste mesmo ano que o Loso deu um jogo de sofá novinho pra vó, que passou a ser a menina dos olhos dela, era um tal de "meu sofá pra cá, meu sofá pra lá... desce daí menino, pará de pular no estofado"(minha vó era chique, chamava sofá de "estofado"!!!). E foi o pobre e indefeso sofá que sofreu as trágicas conseqüências de uma empolgação infantil...

Enquanto as crianças brincavam e aprontavam, meus tios conversavam "tranquilamente" na sala, acomodados na novidade da casa. Pra variar a conversa estava quente, todos querendo falar ao mesmo tempo, e de vez em quando a Tosa comentava alguma coisa da cozinha, acompanhada de novos comentários da mulherada que cortava, picava e ralava pro almoço ficar pronto logo... E seguiam com histórias novas e com as velhas também, de novo, de novo... até que:

- O sofá tá rasgado... - disse um dos tios em tom despreocupado.

A Tosa vem toda esbaforida da cozinha com uma faca na mão e falando alto:

- O quê?!?!? O sofá novo rasgado?!? Mas como aconteceu isso meu Deus?!?!

- Uai! Será que tem rato aqui em casa?

- Claro que não, né Romilda, deve ter sido uma das crianças... olha só esse corte, parece que foi feito com tesoura ou faca...

E a vó, escutando do quarto a conversa pela metade... "sofá?!?! Rato?!? Faca?!? Quem cortou um rato com a faca no sofá?!?!"

Nádia, Romilda e Vó Nair
E ouvindo isso, o Loso Sherlock Holmes entra em cena... ele passa a mão no rasgo do sofá e num cantinho, escondidinha entre a almofada de assento e o encosto ele vê abandonada a arma do crime... E num tom pomposo concluiu:

-Foi uma faca de mesa, olhem só! - E mostra o objeto para todos na sala. Os adultos se entreolharam aterrorizados. À sua maneira, cada um penalizado com o cruel destino do sofá novo, tentava imaginar qual mente seria astuta e louca o suficiente para ceifar os sonhos do pobre "estofado" e ainda largar a arma no local do crime... E a D.Nair sem entender nada...

Num súbito de bravura cada mãe tentava defender seus filhos e consequentemente a educação que elas diziam ter dado a eles...e o Loso insistia que "a faca não tinha saído da cozinha e cortado o sofá sozinha... tinha que ter sido alguém." Foi aí que ele propôs enfileirar os suspeitos e submetê-los à prova do "coração-acelerado-de-quem-fez-coisa-que-não-devia"... E lá se foi um tempão juntando a criançada que insistiam com "não fui eu!! Não fui eu!!"

Suspense... a fila já estava formada... as crianças de olhinhos arregalados... as mães preocupadas com a vergonha e os pais e a conta do sofá novo, torcendo pra que não fosse um filho seu... os solteiros esperando a solução do caso... uma a uma o Loso ia colocando a mão nos coraçõezinhos e anunciando que a criança que estivesse com o coração acelerado seria a culpada!! Mais suspense...medo...pavor...e...a fila encurtando... algumas mães aliviadas, outras nem tanto... e lá no fim um coração em ritmo acelerado...a fila encurtando, encurtando e... um grito: "FOI VOCÊ ELINE?!?!?!"

História: Érika Marise Colaboração: Nádia Vaz
Texto inicialmente publicado em 2003

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