quinta-feira, 31 de março de 2011

Piquenique Tupiniquim

Já faz muito tempo, acho que uns doze anos, mas me lembro de alguns detalhes daquele dia. Bem antes de Lidiane se aventurar nas terras da Índia ou mergulhar  nas águas da Tailândia ela já testava seu lado Indiana Jones fazendo os primos mais novos de cobaia. E a idéia do piquenique, foi de Miss Anne. Mas é claro, quando envolve membros da Vazaiada, tudo fica diferente. Deixe-me explicar...

Estávamos de férias na casa de Vó Nair. Fim de ano, molecada solta, correndo e brincando e suando....e quando parecia ser impossível de  inventar  mais alguma bobagem pra se fazer,  “Lidiane Jones” entrava em ação.

Nossa avó morava em um bairro construído há pouco mais de oito anos na época. Era um bairro com casinhas parecidas umas com as outras, uma padaria , uma farmácia, um centro social (onde se localizava o posto de saúde) e um conjunto de prédios de quatro andares, todos iguais, que se dispunham bairro adentro, e sob as ladeiras iam subindo até o ponto final do ônibus que fazia o itinerário do bairro. Mais acima chegávamos á caixa d’água, um lugar cinza e esquisito onde nada mais havia a não ser a própria caixa d’água. Ah, vamos falar sério...que melhor lugar poderia ser o cenário para a aventureira trupe de “Lidiane Jones” fazer um piquenique?

Não, não estou brincando...isso é sério!

E começou a confusão. A Lidiane teve a idéia do passeio, todos os pais concordaram, as tias começaram a preparar as guloseimas, pão com lingüiça ,limonada, (nota da Nádia: teve suco de laranja, cenoura e beterraba!!) café com leite na garrafa térmica, biscoito de polvilho, biscoito recheado e tudo mais que pudesse ser feito e digerido. Ah, e não poderia faltar água ,claro! Tudo embalado e dentro das mochilas, lá fomos nós em nossa aventura na selva de pedra. Mas falta lembrar que a casa de vovó era lá embaixo, na parte plana do bairro, o que fez com que tivéssemos que andar um bocado.

O sol estava quente á bessa e nossas camisetas começavam a ficar molhadas de suor... À frente da expedição, “Lidiane Jones” ia firme e concentrada para que tudo seguisse bem. De vez em quando dava uma ordem ou outra (mais uma nota da Nádia: mandando, pra variar!!), falava sobre lugares que gostaria de conhecer algum dia, ou simplesmente parava pra chamar a atenção de um primo que estivesse se comportando mal.

E  continuávamos a subir a “ladeirinha”. O Tom enchia a paciência de todo mundo com a tal da bicicleta que ele insistiu em levar só pra dar uma de “bonzão” e que na hora em que a “bike” começou a pesar pro lado dele o cara quis empurrar o fardo pra outro,  o Danilo e o Sérgio rindo do Tom . O Igor, a Eline e a Júnia “viajando na maionese” com suas histórias mirabolantes... Nádia e eu  na cola da Lidiane e da Gisele e o resto da molecada só dando trabalho para os mais velhos!

E assim fomos seguindo até chegarmos á caixa d’água.

Quando já estávamos nos preparando pra sentar e lanchar alguém disse:

- É só isso? Só essa caixa d´água sem graça? Ah não, que “trem” bobo, sô!

E pronto! Ninguém falou mais nada.

Na verdade, eu acho, todos estávamos pensando a mesma coisa. O quê fazíamos ali? O que havia de tão interessante? (outra nota da Nádia: BARRO, só tinha barro, e vermelho!!)

Quase nada...mas o fato de estarmos de férias e todos juntos fazendo um passeio qualquer era o que deixava toda a coisa mais emocionante.

Enquanto comíamos nossos lanches, conversávamos e contávamos histórias.

A tarde terminou e descemos a ladeira de volta pra casa, algumas vezes implicando uns com os outros, rindo, brincando...

E tudo isso valeu a pena!

Comentário da Nádia: E da vez que a Ane queria subir aquele morro que ficava do outro lado do ribeirão?!?! Chegamos até a atravessar a pinguelinha cantando aquela musiquinha “fui passar na pinguelinha, chinélin (coisa de mineiro) caiu do pé, os peixinhos reclamaram, que catinga (mais uma coisa de mineiro) de chulé!!”, pois é, mas quando chegamos mais perto do morro, descobrimos que era um pasto e o mato era muito alto... ficamos com medo das vacas e bois e de encontrar cobra pelo meio do caminho... e voltamos pra casa da vó... e quando passamos pela pinguelinha?!?!?!?!?!? Não, ninguém caiu, foi só a musiquinha de novo...

Texto inicialmente publicado em 01 de dezembro de 2003.

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